(Julio Abramczyk – Folha de São Paulo – 13/03/2016)
Estudantes de Medicina carregam orgulhosamente o estetoscópio no pescoço – e os médicos antigos, no bolso do avental.
É uma peça obrigatória da profissão há exatos 200 anos.
Em 1816, atendendo uma paciente cardíaca, René Théophile Hyacinthe Laënnec teve de resolver dois problemas: na época era inconveniente um médico colocar o ouvido no colo das senhoras, e o tecido adiposo da doente abafava o som do coração.
Ele enrolou uma folha de papel e, com esse tubo, criou o primeiro estetoscópio e diagnosticou a doença cardíaca..
Laënnec construiu em seguida um cilindro oco de madeira de 25 cm de comprimento por 2,5 cm de diâmetro. Não patentiou sua descoberta. Na época, o costume era possibilitar a todos, os avanços da Medicina.
Depois de dois séculos, há sugestões para abandonar o estetoscópio. Em editorial da revista “Global Heart”, da Federação Mundial de Cardiologia, Jagat Narula refere que a entrada dos aparelhos de Ultrasom na rotina médica, para o coração e pulmão, a cada ano mais precisos e mais portáteis, torna possível essa eventualidade.